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22 de jan. de 2011

A Morte e Vida de Charlie é espiritismo para fãs de Crepúsculo


A onda espírita no cinema não dá pista de parar tão cedo. Após a estreia de “Além da Vida”, de Clint Eastwood, chegou aos cinemas “A Morte e Vida de Charlie”, que dá uma abordagem mais adolescente ao contato mediúnico com espíritos.
Quem vê pessoas mortas, desta vez, é o ídolo teen Zac Efron, aquele que virou sensação em todo o mundo com a franquia “High School Musical”.
Efron faz o personagem título, um jovem e promissor velejador, com futuro garantido em Yale, que perde seu irmão caçula Sam (o expressivo Charlie Tahan) em um acidente estúpido. Arrasado com a tragédia na família, ele desiste de seus intentos e se torna coveiro em sua cidade natal, para ficar perto do irmão, com quem continua a interagir, sempre ao pôr do sol.
Cinco anos se passam, até que Charlie conhece Tess (Amanda Crew), outra velejadora, com planos de dar a volta ao mundo em um veleiro. Tess pode representar para Charlie a chance de voltar a se relacionar com as pessoas vivas e retomar sua vida prévia, mas, para isto, ele tem de abandonar seu compromisso diário com o irmão.
A proposta do roteiro, coescrito por Craig Pearce, é tratar a morte como um momento de transição, onde tanto aqueles que ficam como aqueles que se vão precisam lidar com a perda.
É um tema delicado, com várias chances de descambar para o sentimentalismo, e é mérito do diretor Burr Steers (“17 Outra Vez”) que este opte por uma abordagem romântica com toques de sobrenatural, na linha de “Ghost – Do Outro Lado da Vida” (1990).
Se isto faz com que a narrativa evite dar ênfase aos elementos trágicos – a perda do irmão, a ausência da mãe (Kim Basinger, de “8 Mile”), a doença terminal do paramédico que salvou Charlie (Ray Liotta, de “Os Bons Companheiros”), os amigos mortos na Guerra do Iraque -, por outro lado, impede também que o roteiro se aprofunde exatamente naquilo que se propunha a discutir.
Mas, talvez, falar da dor da perda com profundidade nem tenha sido uma prerrogativa dos realizadores.
A fotografia de cartão postal combina bem mais com o romantismo puro e idealizado que seduz o público adolescente da “Saga Crepúsculo”. Como funciona nos heróis masculinos desta série, o elemento sobrenatural em “A Morte e Vida de Charlie” é um quê a mais que serve pra destacar o protagonista dos demais. Suas imagens, banhadas por um pôr do sol digital, também têm a mesma plasticidade fake, o que já dá pistas sobre quais são realmente as intenções da produção.
Zac Efron, em si, não é um intérprete ruim. Tem algum carisma, como mostra no musical “Hairspray – Em Busca da Fama” (2007) e aqui também. O problema é que, ao pensar em adolescentes, Hollywood geralmente nivela por baixo. Não respeita a inteligência dos jovens, vivos ou mortos.
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A Morte e Vida de Charlie

(Charlie St. Cloud, EUA, 2010)

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