Miley Cyrus tem cara de bolacha, risada de criança e quer ser atriz. Nicholas Sparks é especialista em comover platéias com o excesso de açucar que coloca em seus romances. Junte esses dois em um filme dirigido pela estreante Julie Anne Robinson e o resultado é este “A Última Música”.
Só mesmo quem for fã dos envolvidos vai conseguir tirar algum proveito da trama sobre a adolescente revoltadinha (Miley), que vai para a casa do pai (Greg Kinnear) e do irmãozinho pequeno (Bobby Coleman) contra sua vontade. Por lá, uma cidade litorânea, ela vai arranjar um namorado (Liam Hemsworth) com quem, logo nos primeiros dias de namorico, vai trocar “eu-te-amos”. Até mesmo beijo contra a luz do sol tem, numa quantidade inacreditável de clichês e pieguices.
Quando o roteiro dá atenção à relação do irmãozinho com o pai, o filme cresce consideravelmente. Méritos dos dois atores, que dão tem uma química rara. Kinnear, que brilhou como o pai de “A Pequena Miss Sunshine” (2006), preferiu não ficar no automático e concebeu novamente uma grande performance, enquanto o garotinho surpreende com sua maturidade dramática. Se o filme deixasse de lado o romantismo genérico e focasse nos conflitos familiares, o público de cinema, e até mesmo os fãs de Miley, teriam uma sessão digna de apreciação.
Infelizmente, todas as cenas protagonizadas pela garota são patéticas e preguiçosas. Repare: sempre que ela se decepciona numa cena, deixa o ambiente batendo com força a primeira porta que encontra pela frente.
O roteiro, de autoria do próprio Nicholas Sparks (seu primeiro filme sob encomenda e não uma adaptação como “O Diário de uma Paixão” ou “Um Amor para Recordar”), também não prima pela criatividade. Quando é preciso demonstrar o lado sensível de determinado personagem, este narra uma tragédia pessoal que o roteiro trata de formular da forma mais comovente possível. Uma fórmula desgastada que qualquer pessoa com o mínimo de bagagem cinematográfica já está farta de acompanhar.
Salva-se a metáfora sobre a família na forma dos ovos de tartaruga que a personagem de Miley tenta proteger. Mas é muito pouco para manter o interesse num projeto feito para garotinhas de 12 anos, fãs da série “Hannah Montana”, que ainda sonham com o príncipe encantado. Um filme escrito por um autor de best-sellers românticos, a protagonista teen mais badalada do momento, o bonitão com corpo de Ken, a trilha sonora pop e os dramas pré-fabricados para arrancar lágrimas são chamarizes de uma platéia que poderia estar na sala ao lado, prestigiando algo realizado com mais esmero e alguma originalidade.
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