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6 de abr. de 2011

2012?? CQC Lança Jair Bolsonaro para Presidente


O país da impunidade todos conhecemos: tem dancinha da pizza e muitos tapinhas nas costas. Pois, na terça (5/4), os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Cândido Vaccarezza (PT-SP) inauguraram um novo gestual. Eram só abraços no plenário da Câmara, um dia após o primeiro ter voltado a defender a homofobia, mostrar seu racismo cordial e usar palavras de baixo calão em rede nacional de televisão. Na semana passada, Vaccarezza, líder do governo, chegou a dizer que Bolsonaro foi estúpido ao dar resposta com tom racista a um programa de televisão. Entre uma ida e outra à TV, foram sete representações contra Bolsonaro na Comissão de Ética da Câmera.
Na segunda (4/4), o deputado voltou ao programa “CQC”, da TV Bandeirantes, que tinha lançado a polêmica uma semana antes. Na tentativa de “provar” que não era racista, apresentou, em sua defesa, a fotografia de seu cunhado, que é negro. Mas não se retratou e nem pediu desculpas a quem ofendeu. Ao contrário, retomou seu ataque à “promíscua” Preta Gil, fez comentários com conotações racistas contra o sistema de cotas no ensino, usou a expressão “bichas” e esculhambou a luta por direitos das minorias. Para completar, contou que já deu uns “tapinhas” na própria esposa.
Por sua vez, o apresentador do “CQC”, Marcelo Tas, também mostrou uma foto: de sua própria filha, que é gay. Um dos bordões lançados pelo deputado para justificar sua homofobia era que nenhum pai jamais poderia ter orgulho de um filho gay. “Depois que escutei ele falando que era impossível um pai ser feliz tendo um filho gay, senti que precisava mostrar que era mentira”, justificou Tas.
Os disparates contínuos moveram a Corregedoria da Câmara a notificar Bolsonaro das representações abertas contra ele na Comissão de Ética da Casa. Só que ninguém aposta em punição. A pena prevista por quebra de decoro é a cassação, mas o corporativismo já está em ação. A maioria de seus colegas tem a opinião de que a imunidade parlamentar o garante. Por isso os abraços. Em sua defesa, veio até um grande jornal paulistano, que dedicou editorial contra sua punição – e não foi o jornal que você está pensando.
Na prática, Bolsonaro está recebendo carta branca do Congresso nacional e da grande imprensa brasileira para subir de tom. Se chamar homossexual de bicha é Ok, então não se sabe mais qual é o limite. Para quem acha tudo engraçado, insignificante ou protegido pela liberdade de expressão, não há limites.
O detalhe é que a agenda conservadora de Bolsonaro – contra a união civil de gays e as cotas para negros nas escolas, por exemplo – tem mais apoio popular do que imaginam os corporativistas e a imprensa que lava as mãos. Até negros se manifestam a favor de sua homofobia, seguindo preceitos ditos cristãos, mesmo tendo seus direitos tratados como alvos prioritários do político. Assim, Bolsonaro, que se elegeu com o voto evangélico carioca, está sendo alçado, com vasta exposição na mídia, como líder da direita brasileira, condição que nenhum outro dos seus colegas do PP (ex-PDS e antes disso Arena, partido criado pela ditadura militar) assumem, nem mesmo o deputado Paulo Maluf (PP-SP).
A resposta da esquerda? Um abraço apertado. A esquerda também se elege com votos de eleitores cristãos, que estão muito atentos a este debate.
Jair Bolsonaro teve 120 mil votos no Rio de Janeiro. Mas isso foi antes de aparecer em rede nacional e ter seu nome repercutido em todos os meios de comunicação – aqui também (mea culpa). Quando Marcelo Tas chamou o quadro “O Povo Quer Saber” com o deputado, em 28 de março, seu colega de bancada, Marco Luque, perguntou “Quem?” Antes do “CQC”, o eleitor de São Paulo, do Amapá e do Tocantis talvez não conhecesse sua plataforma política. Com direito a bis, agora todos sabem “Quem” acha a ditadura linda, o homossexualismo uma promiscuidade e se opõe à política de cotas raciais nas escolas, por acreditar que se trata de afronta, pasmem, à Democracia. O mesmo “Quem” que mereceu um editorial em nome, novamente, da Democracia no jornal Folha de S. Paulo.
Se Bolsonaro foi lançado na TV como piada, faltou explicar onde está a graça. Com a cumplicidade do Congresso e apoio da imprensa para continuar a falar o que quiser, incendiar o país com retórica e fazer uma defesa apaixonada da ditadura, da tradição, da família (e da propriedade?), usando maquiavelicamente todas as armas que a Democracia lhe permite, Bolsonaro só tende a polarizar cada vez mais as massas.
E é assim que surge, como ideia equivocada de humor e pôster bizarro – ingênuo – do direito à liberdade de expressão, um provável e forte candidato à Presidente da República em 2014.

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